Hey guys…
Desculpem o sumiço semana passada, mas foram dias intensos. Quem conhece meu blog, o Groselha on the rocks, deve ter notado que exceto por segunda, que foi feriado - e feriado é sagrado aqui na casa da família Urso - teve postagem todo dia (inclusive, deve ter Monster Mash novinha saindo ainda hoje).
Além disso, tem essa newsletter que ceis tão lendo agora, fora mais alguns trampos que devem sair lá no meu canal do youtube, logo, logo.
Tá sendo bem divertido aproveitar meu período “entre empregos” pra me dedicar ao blog e à criação de conteúdos. Escrever, editar, gravar, caçar dados internet afora. E estudar, pra aprender a ultrapassar as barreiras que rotineiramente aparecem diante de um amador aprendendo a parada.
Mas claro, como tudo tem sempre dois lados, com isso também vem aquele demoniozinho com o qual eu convivo desde muito cedo, chamado “ansiedade”.
Porque “eu deveria estar escrevendo, eu deveria estar lendo, e eu deveria estar vendo aquele vídeo de 4 horas resumindo industria cultural e eu preciso ler coisa pra ter sobre o que falar no blog e olha só que série legal, eu poderia transformar isso em conteúdo”.
E o dia tem só 24 horas. Descontando o tempo com Stella, a hora de dormir, tempo da academia e de minhas tarefas caseiras, me sobram 8 horas. E oito horas, quando você se cobra nesse nível, não é nada. Do mesmo jeito que 12 horas não seriam nada. Do mesmo jeito que 24 horas ou 57, se dias tivessem essa duração. Uma vida, não é tempo o suficiente.
Isso me lembrou deu uma frase que eu vi outro dia que dizia que “Se tornar um artista lhe custa uma vida inteira”. Agora, disclaimers: não, isso aqui não sou eu romantizando a vida de um artista. Vida sofrida de fato, quem tem é quem trampa lavando fossa séptica ou carregando saco de cimento no sol. Ou, pelo menos, pra também não parecer que eu estou desmerecendo os homens e mulheres produzindo arte: existem níveis e níveis de sofrimento, okay? Podemos todos concordar nesse ponto?
Also: eu jamais iria ao extremo de me referir ao que eu faço aqui como “arte”. Como diria Anton Ego sobre o trampo de um crítico - e eu não sou crítico de nada, mas acho que a citação cabe aqui - , meu melhor texto é menos relevante que a obra mais medíocre sobre a qual eu vier a falar criticamente.
Mas, se esse é meu “expertise”, vamos tentar nos especializar nele, certo?
Eu tenho estudado bastante sobre criação de conteúdo e sobre como conviver com o grande anti-cristo dessa fatia de profissionais: os algoritmos. Essa é a parte menos divertida do negócio, mas, sabem como é. Vem incluso no pacote.
Não sei se eu tenho um ponto onde eu quero chegar aqui ou uma tese a ser defendida. Acho que esse é só o meu jeito de dizer que já que, pelo menos por enquanto, eu tenho tempo pra me concentrar nisso, melhor fazê-lo. Nos períodos empregado, eu sempre tenho que, quando não tem trampo pra fazer e ninguém perto vigiando sob meu ombro, roubar alguns minutos pra ler e escrever.
Agora, somos só eu, minha cabeça e os demônios nela.
Fly or die. Já que o mar tá mandando ondas, vamos surfá-las.
Não li ou vi ou ouvi muita coisa nessa semana, então a parte de recomendações vai ficar bem magrinha.
MAS, preciso dizer, apareceu nos stories do Instagram o aviso que dia 11 de Junho vai ter show do Arthur Verocai em SP, em celebração ao seu clássico disco homônimo de 1972.
Sério, isso por si só já seria algo, mas quando adicionamos a isso a presença de convidados do nível de Ivan Lins e Mano Brown…. fuuuuuck… Que hora pro tio Urso ficar desempregado, guris.
Mas quem puder ir, sério, não percam. Evento histórico, homenageando um gênio da nossa música e um discaço que só pode ser descrito, com a devida justiça, com termos como “antológico” ou “clássico”.
Não posso recomendar porque ainda tô no começo. Mas peguei “It’s lonely at the centre of the earth” de Zoe Thorogood e, meu deus, que leitura ao mesmo tempo fascinante e dolorosa. É sobre fazer arte e sobre depressão e usa a linguagem dos quadrinhos de formas tão inventivas e charmosas. E falando de charme, o traço da Zoe, responsável por roteiro e arte, é tão lindo. Nunca tinha lido nada dela, mas tô encantado com a hq. Inclusive, já tô com o trampo anterior dela, “the impending blindness of Billie Scott”, pra ler logo em seguida. Falo mais quando terminar, lá no blog.
Tio Hak viu o pior tuíte da vida dele essa semana. São quase 20 anos de twitter e eu nunca fiquei tão puto com uma opinião imbecil como eu fiquei com essa. Basicamente, um sujeito se dizia contra a greve dos roteiristas americanos que foi anunciada essa semana e defendia o uso de inteligência artificial para criação dos roteiros. Resumindo, era o blablablá de sempre sobre como artista é tudo mimimizento e como os grevistas não estão pensando no dano que estão fazendo pras pessoas vendo os shows e que vão ter que esperar pra acompanhar as novas temporadas e bla bla bla, era basicamente um cara puto porque vai ter que esperar mais pra ver a próxima série da Marvel que é igual a literalmente todas as outras saídas da Disney.
Em algum momento a gente perdeu o foco de que tem homens e mulheres criando esses gibis e esses filmes, discos, seriados e games que a gente ama né? Pro nerdola do parágrafo anterior, arte é sublime, é essencial, é o que faz a vida valer a pena, mas arte obviamente se manifesta do éter. Não é como se ela viesse da experiência de vida de pessoas. Pessoas que precisam de dinheiro pra viver e se manter confortáveis.
Essa dicotomia de arte ao mesmo tempo essencial e supérflua, que algumas pessoas carregam, é algo completamente alienígena pra mim.
Mas enfim, todo apoio aos grevistas, mas meu ponto aqui nem era esse.
Como eu disse, eu fiquei puto e ia fazer um tuíte xingando até a décima geração do sujeito. Não exatamente. Eu ia argumentar de forma ponderada mas firme. Anyways, o que eu fiz de fato, foi…. apagar o tuíte. e deixar a vida seguir.
Mano… olha a opinião desse capiau. Eu vou conseguir mudar uma opinião dessas? Claro que não. Então pra que perder energia com isso? Não que se envolver nesse tipo de discussão não seja uma causa válida, mas não acho que o twitter seja o melhor espaço pra isso.
Então, só deletei o tuíte.
É isso. Eu ia soltar os cachorros pra cima de alguém , mas usei meus poderes de restrição e não o fiz. Só queria dizer isso. Acho que mereço um leve tapinha nas costas.
Isso me lembrou daquele quadrinho do Salimena.
É um lance de escolher suas brigas, manja?
E dessa vez, eu só escolhi ser feliz e evitar a fadiga.
Hooray for me.
É isso.
Volto semana que vem.
Hasta.
Tomem água. Se forem sair no frio, levem casaco.
#2Sweet
Respect!!!